A ordem é o ensino,
A desordem é a aprendizagem.
A ordem é o ensinar,
A desordem é o aprender.
A ordem é trabalhar com os alunos como se eles fossem um só.
A desordem é que eles são todos únicos, cada um é diferente, é trabalhar com cada um como se ele fosse único.
A ordem é o aluno e a turma
A desordem é a pessoa que mora em cada aluno.
A ordem é cada professor ensinar o mesmo, em qualquer local do país,
A desordem é que os professores são muito diferentes e que os alunos atingem resultados muito diferentes.
A ordem é cada escola ser a cópia da outra escola, cumprindo as mesmas normas nacionais,
A desordem é cada escola ser diferente.
A ordem são os rankings,
A desordem são as técnicas para alcançar os melhores lugares.
A ordem são as pautas penduradas,
A desordem são os abandonos escolares e os futuros comprometidos.
A ordem é todos aprenderem o devidamente ensinado,
A desordem é que muitos não aprendem nem querem mesmo aprender.
A ordem é agressiva, desrespeitadora da diferença.
A desordem é tanto a passividade como (de vez em quando) a violência.
A ordem não é o tudo
A desordem não é o nada, o caos.
A desordem é a vida, é assim, é mesmo uma grande desordem.
Porque educar é des-envolver, desfazer lentamente o novelo que cada um de nós é, des-envolver para poder vir a ser, a conhecer, a fazer, a viver com os outros.
A ordem são as margens
A desordem é rio, que por sinal é a vida que corre nas escolas, sempre diversa, sempre nova em cada ser que se des-enreda, que faz o seu próprio desenho, que se ergue perante o bem e o belo, que aprende a compreender as coisas, o mundo a vida, que agarra a herança cultural que lhe transmitem e re-cria a vida e cria novos possíveis.
Para esta desordem, só pode haver uma ordem:
A ética do cuidar,
Do cuidar de cada um como se fosse único e divino,
Do cuidar sustentado na crença de que cada ser humano aprende e aprende ao longo de toda a vida,
Assim saibamos nós cuidar de cada uma e de cada um,
Não deixando ninguém pelo caminho.