Tempo da implosão de mitos ... e a gramática da sua reconstrução outra
Um pequeno excerto de um texto de Joaquim Azevedo. Num texto de implosão de mitos, imperativo é um ensaio sobre o que nos foi cegando.
O mito da necessidade: preciso de e de e de... A necessidade premente e constante, insaciável. Construimos uma gigantesca sociedade de consumo. Uma sociedade de “precisões” constantes e prementes, pois quanto menos se pensar melhor, desde que se consuma e alimente uma economia que se quer expandir a todo o custo, baseada apenas no lucro, tendo apenas como horizonte o lucro de quem empreende e investe. Elena Lasida e o seu “le goût de l’autre” e Luigino Bruni e a sua “ A ferida do outro”, são economistas que ajudam a pensar como este horizonte precisa e pode ser rompido.
O esgotamento dos recursos fica fora do horizonte de uma sociedade de necessidades e não de possibilidades e de escolhas conscientes. Mas, todos os dias precisamos de mais coisas e não nos perguntamos sobre o para que é que precisamos do que dizemos que precisamos. Cada dia mais escravos, cada dia à procura de consumir um pouco mais e um pouco mais longe, mais exótico, mais supostamente feliz. “Escravos felizes” é o que querem que sejamos, como diz....
E, no entanto, a Sabedoria está ao sair da porta, na soleira da nossa casa, à nossa espera para a levarmos, em cada dia. Como é que não nos exprimimos em termos de possibilidades e não em torno de necessidades e urgentes “precisões”? Possibilidades e “compossibilidades”, ou seja, possibilidades erguidas em comum, numa dado território e tempo. Não será por aí que se pode gerar outro modo de vida em comum, pelo “e porque não?”, pela compossibilidade?
Fonte http://terrear.blogspot.com/2011/11/tempo-da-implosao-de-mitos-e-gramatica.html
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