domingo, 2 de janeiro de 2011

O QUE É ISTO, A FILOSOFIA?

O QUE É ISTO, A FILOSOFIA?
Que representa a filosofia? É uma das raras possibilidades de existência criadora. Seu dever inicial é tornar as coisas mais refletidas, mais profundas”. (Heidegger, m)
Podemos considerar que a filosofia parte do prodigioso conhecimento existente, não sendo um saber acrescentado ao conhecimento já adquirido. A filosofia pensa a realidade presente, que engloba o ser-no-mundo e o estar-no-mundo.
A Filosofia representa a ratio humana consistente no ato consciente de estar no mundo, pois “ou se deve filosofar ou não se deve, mas para decidir não filosofar é ainda e sempre necessário filosofar. Assim, pois, em qualquer caso, filosofar é necessário. (Aristóteles, protréptico. fr.51).
A filosofia pressupõe algumas características essenciais ao ser pensante, que se manifestam na admiração, na angústia, no medo e na coragem.
A admiração é característica essencial ao filosofo que se espanta frente a cada fato da existência humana, pois nada lhe é natural e tudo possui um sentido. Descartes considerava a admiração uma paixão filosófica, aduzindo que “a admiração me parece a primeira de todas as paixões”. (passions de l’âme, II, 53)
O espanto é a mola propulsora da filosofia. O questionamento do mundo surge mediante o sentimento de admiração, espanto e estupefação diante da existência do ser-no-mundo, aguardando uma explicação do seu estar-ai.
O que é isto, a vida? O que é isto, o mundo? Admiração e espanto são instrumentos impulsionando à busca de uma interpretação do “kosmos filosófico, criando sentido, organização e ordem para um certo “Kaos” sem um porquê.
A angústia é o nada de Kierkgaard, “se perguntarmos qual é o objeto da angústia, deve-se responder aqui como em toda parte: é o nada. A angústia e o nada marcham juntos”(Kierkgaard). A angústia revela a possibilidade de ser e a ameaça do nada. A humanidade revela-se na angústia da impossibilidade possível de sua existência, defendida por Heidegger.
A angústia revela-se ao ser, que se encontra impotente frente ao medo da morte, gerando seres frágeis e inautênticos que fogem da realidade. A morte, por sua vez, desnuda a existência como possibilidade privilegiada de ser possível. A niilidade da angústia conduz a um projeto libertador, mediante a busca autêntica da existência do ser-no-mundo.
O medo se encontra materializado na timidez, no acanhamento, na ansiedade e na impotência de vencer o mundo e lança seus tentáculos em nosso ser, querendo fazer domínio em nós. Entretanto, a admiração, o espanto e a angústia filosófica impulsionam a alma humana a superar o medo, caminhando rumo ao seu epicentro, destruindo-lhe as bases frágeis. O medo é o sentimento de impossibilidade frente ao desconhecido, que somente as luzes da razão supera.
A coragem é um sim à realização do ser-no-mundo; é a existência da possibilidade mediante o esforço, trabalho e tentativa, impulsionando-nos para a criação do nosso devir. A condição humana no mundo exige coragem como força propulsora para a criação e modificação da realidade, domando a maior fraqueza humana, o medo de ser autêntico.

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